A Segunda Despedida

Por conta da greve das universidades federais que ocorreu em 2012, o semestre 2013.2 só terminou no dia 29 de março de 2014 e como minha viagem para Hungria está marcada para o dia 20 de maio seria impossível terminar mais um semestre. Como moro sozinho em Curitiba, ficar lá por todo esse tempo seria um desperdício de tempo e dinheiro, afinal uma viagem como a que está por vir exige certa preparação. Por conta disso, vim para Goiânia, cidade onde meus pais continuaram morando após minha mudança para Curitiba.

É obvio que eu e a Fernanda queríamos nos despedir. A mulher responsável pela dela disse que embarcaria dia 28/04. Aproveitando de uma promoção de passagens aéreas, acabei comprando a passagens para Curitiba com ida dia 23/04 e volta dia 29/04, assim poderia me despedir dela com tranquilidade no aeroporto. Mas, para a nossa sorte, a agente errou a data da viagem, e ela acabou embarcando dia 30/04, ou seja, NÓS NÃO NOS DESPEDIMOS NO AEROPORTO. AFF. AGENTE FDP.

A Fer mora em São Bento do Sul/SC, uma cidade bem próxima de Curitiba. Fiquei na casa dela todos os dias. Aproveitamos todos os dias, fizemos comida, assistimos filme, fizemos a despedida dela, brincamos, rimos, aproveitamos #cadasegundo. Mas a data da viagem dela ia chegando e meu coração ia apertando. Ela estava eufórica, tensa, nervosa, ansiosa, um mix de sentimentos que é absolutamente normal para que estava nessa situação, mas eu não estava assim.

No domingo, estávamos assistindo um filme, daqueles que emocionam e enchem os olhos de lágrimas: Pronta pra Amar. Em dado momento, olhamos um pro outro e todo aquele sentimento que tínhamos, o medo do que estaria por vir, saber que ficaríamos juntos por mais duas noites, eram tantas coisas passando por nossas cabeças naquele momento que olhando um no olho do outro: desabamos a chorar. As lagrimas simplesmente escoriam dos nossos olhos sem que falássemos uma palavra. Sabíamos porque chorávamos, mas não dizíamos nada. Aquilo foi só o meu primeiro chororo.

Na terça feria de manha me despedi da família dela, e fomos até a rodoviária de São Bento, para eu ir pra Curitiba. Estávamos bem, eu me sentia bem. No momento da despedida tudo bem também, mas na hora do último abraço, eu chorei. Mais uma vez as lágrimas saiam dos olhos e eu não podia conter. Nunca tinha chorado em uma despedida, nunca. Ela não chorava, e tentava me animar. Entrei no ônibus, e adivinha? Chorava feito uma criança quando o ônibus partia vendo ela ficar pra trás. Até me surpreendi, porque achei que a situação seria invertida, que ela choraria e o durão aqui não soltaria nenhuma lágrima. Foi ai que eu percebi que nesses casos a despedia é pior pra quem fica.

A euforia e a possibilidade do que está por vir ocupam a cabeça de quem está partindo. 

Eu já estive nesses momentos quando saia de Goiânia para Curitiba e meus pais choravam todas as vezes. Eu até achava um exagero, mas hoje eu entendo. A ausência da pessoa amada dói. Não ter mais ali na rotina, do lado, causa um vazio tão esquisito, cara... é no mínimo incomoda.

Passei na República onde morava em Curitiba pra me despedir do pessoal, e no final da tarde fui para o aeroporto. No avião indo pra São Paulo, mais uma vez comecei a pensar nela e como seriam as coisas, em tudo, e mais uma vez chorei. Chorei de São Paulo pra Goiânia e também quando coloquei a cabeça no travesseiro em Goiânia. Nas últimas três vezes eu tentava segurar mas o nó na garganta doía, mas eu tinha que começar a me conter, não dá pra chorar um ano inteiro. Meu último choro foi quando falamos pela última vez enquanto ela estava no Brasil.

As conclusões que chego disso tudo são: a despedida é pior pra quem fica, amo demais minha namorada e que eu sou um chorão.